terça-feira, 20 de novembro de 2018

Dissertaiamos

Minha norma culta de escrita foge da forma padrão. Constantemente esqueço das regras, aquelas de concordância e mesóclise, deixo pensamento voar e redijo aquelo que transcende a borda da minha imaginação.
 Você pode reparar isso diante dos erros de gramática, ortografia, pontuação e concordância que constantemente aparecem nas linhas.
 Um dia disseram que meus pensamentos não acompanhavam minha velocidade de escrita, resultado: letra catastrófica e erros idiotas.
 Aí me perguntam quando na lousa vêem escrito "Enchergar", como se formou assim? Nessa idealização de que para apresentar o que se escreve a gramática deve estar perfeita acabam perdendo a identidade de quem redige. As idéias não devem serem julgadas por simplesmente um "Ch" no lugar do "x", afinal eles não definem nada.
  Escrever vai além do ideal, é formidável, exuberante, impactante, essencial. Me permite inventar palavras e não julgar aqueles que assim como eu não entendem pq sua grandiosidade é medida em bons argumentos dissertativos.

domingo, 11 de novembro de 2018

Falsos profetas

Você pega a bíblia e finge que lê.
Tira de lá algumas frases soltas.
Joga no ar como uma regra trouxa.

Diz que ama um ser libertário.
Mas quer prender todos que tem liberdade.
Manda matar
Manda cuspir
Manda queimar
Manda humilhar
Só sabe destruir.

E aí usa um nome, aquele nome.
Usa o nome de quem defendia minorias.
Para justificar seu preconceito contra o povo.

Você não ama Jesus.
Você ama seu cu.
Quem Jesus amaria se voltasse nunca seria você.
Seus filhos são aqueles que amam sem temer.

Mas você usa da distorção para roubar.
Matar
Usar
Enganar
O que esperar de pessoas que usam seu nome em vão.

Você não deveria nem dizer seu nome.
Não um nome tão importante.
De uma pessoa que lutou contra pessoas como você.

sábado, 10 de novembro de 2018

A Gorda

Estou cansada
Cansada de ser eu
Me olho no espelho
E só vejo tudo que não sou

Vejo peso
Imagem
Medidas
Espinhas
Cabelo descabelado

Enquanto as imagens mundo a fora me dizem:
Essa não é você.
Não sou aceita nem por mim
Quem então iria me aceitar?

Nesse mundo onde não respiramos mais começo a me deixar.
E deixo ir
Me deixo levar
Leve leve
Longe do espelho

Mas o reflexo está lá
As lágrimas do vermelho

Não fico bem de shorts e bota
A bota não fecha na batata da perna
O shorts assa as cochas gordas
Que encostam uma na outra

O atrito me faz vergonha de ser
Eu eu eu
Quem sou eu?
Fruto dessa sociedade que só me diz:
Precisa ser magra para ser feliz.

sexta-feira, 9 de novembro de 2018

Ainda eu

Eu
Parece dois
Mas sou só eu
Desdobrada, cansada, exausta.
O tempo não para

Quem era aquela que virava a noite
Via o dia clarear
Dormia o dia inteiro
Sem ninguém para acordar

Agora sou duas, mas sou uma
As vezes sou mais que três
Faço tudo todo o tempo
Sou eu, vc e ela mais uma vez

Mas quem disse que não me reconhece
Ainda me reconheço ao sorrir
Eu canto, danço, bebo coca cola
Fico bêbada de sono e vou dormir

Minha overdose é de açúcar
Café
Guaraná
Essa é a outra pessoa
Mas a mesma encontra-se em meu lugar

As vezes quero voltar no tempo
Mas me lembro que o passado me magoou
O futuro é bem mais cheio de esperança
Devido a esses presentes da vizinhança

Mas ainda estou cansada, cansada durante o dia.
De noite vem a liberdade
Na madrugada ela domina

Ainda sou eu, com olheiras, mais 10kg
Comendo e fumando quando se sente ausente
Mas se hoje esse eu existe é porquê essa maravilhosa canseira se faz presente.

Margarida Margaridas

Margarida esmagada no asfalto
A vida passa por nós
Despedaçada ficou, caída, coitada
No cimento frio jogada

Mas rasgam-se as botas de quem lhe pisa
Oh Margarida Margaridas!
Quem desacreditou que se reerguiria
Oh Margarida Margaridas!

Estão todos de mãos dadas
A sua volta, juntos
Esperando a luta começar
Quem quebra o cimento luta até a guerra acabar

Oh Margarida Margaridas!
Não deixe as lágrimas cegarem
Lave o rosto, prenda o cabelo
Pegue seu livro para a guerra travar

Enquanto eles tem espadas
Teremos estratégia
Lembre-se Atena sempre venceu guerras
Na sabedoria das palavras e das ideias.

Escola libertária

"Tem goteira
Tem pedras
Tem estrago na parede

A cadeira tá quebrada
Não tem livro
Apagador
Giz
O quadro negro ainda está ali

Mas tem vontade
Sonho de melhorar
Então vem o sistema e diz:
Aqui é seu lugar.

Mesmo sem professor
Sem merenda
Sem material

Ainda tem alunos
Reunidos nessa luta
Na vontade de saber

Podem calar nossa boca
Mordaçar nossos saberes
Ainda resistiremos
Ainda prevaleceramos

Sem estudo
Sem professor
sem futuro
Sem rumo
Sem amor"