segunda-feira, 22 de junho de 2015

O Conto do Imperador e do Fazendeiro

Eu ando em falta com vocês já faz um tempinho, prometo coisas novas e vou dormir. Me desculpem caros leitores, mas é que com a produção dos livros infantis acabei ficando sem tempo para vocês jovens, inovadores, cheios de clamor e que buscam desesperadamente saber mais, ler mais, ver mais.

Visto isso hoje trarei uma coisa diferente, é um conto muito gostoso, que com certeza vai ensinar alguma coisa para cada um de vocês.


O Conto do Imperador e do Fazendeiro

   Há muitos anos, em um reino muito mais antigo que qualquer livro antigo que conhecemos, um Imperador muito bom. Ele era justo, paciente, buscava sempre a paz e a prosperidade de seu reino e pedia para que todos ali fossem assim.

  Naquele mesmo reino, havia em uma cidadezinha afastada do palácio, um fazendeiro com um nome desonrado. Esse fazendeiro era muito conhecido na região por vender gato por lebre, enganando aqueles que compravam da sua colheita de arroz. Todo ano ele falava que o dele era o mais bonito e invejava os dos seus vizinhos por não ser. Assim ficou conhecido por seus truques e mentiras, decaindo cada vez mais as vendas de sua família e ficando ainda mais rabugento.
  Um belo dia o Imperador anuncia. "No fim da colheita passarei por cada fazenda prestigiando seus agricultores, assim, ao encontrar a mais bela, darei a honra de ser recebido para o chá da tarde."
  O fazendeiro fez-se empolgado ao ouvir a notícia, era sua chance de ter seu nome e sua hora restaurados, já que ao acolher o imperador só se lembraria de como foi bela sua colheita. Então naquele mesmo instante ordenou que todos seus empregados trabalhassem sem parar até o final da colheita. Alguns questionaram, "Mas quando vamos dormir?", "Revezem-se nas horas de sono, se ver que não estão a trabalhar mandarei cortar suas mãos". De tão ruim que o fazendeiro era seus empregados não ousaram desobedecer, trabalharam dia e noite sem parar ou descansar, com pouca água e comida e sem poder expressar sua dor para seu patrão.
  Mas quando chegou o grande dia em que o imperador iria passar a colheita dele era realmente a mais linda que esse reino já vira brotar. Seus funcionários, assim que ele saiu satisfeito para apreciar, sorriram e esperaram uma palavra de agradecimento, mas essa não veio, só fel brotava dali "Agora sumam, antes que o imperador os veja e estraguem a bela imagem que vejo aqui".
   Mas muitos estavam doentes, passando tão mal que nem conseguiram se levantar, vários desmaiaram e aqueles que ainda estavam em pé, sem resultado, tentavam ajudar.
 O fazendeiro ficou louco, "andem suas mulas, estão a estragar o que plantei". Ao dizer isso não percebeu que a suas costas um senhor, em farrapos observava o que passava ali. "Por favor, me vê um copo d'água?", quando virou e viu, aquele mendigo estragando sua colheita perfeita esbravejou "Era só o que me faltava, se não bastasse essas mulas tortas que carrego, ainda devo ter um pobre coitado para acabar com a beleza do meu dia. XÔ XÔ vaze daqui seu mendigo!" Disse-lhe chutando-o para longe. Ao cair no chão o velhinho desajeito levantou-se e foi.
  No dia seguinte uma grande carruagem descia a rua principal das fazendas. O imperador parava e observava atentamente, quando parou, ficou e ficou e ficou e chamou seu conselheiro. "O imperador anunciou, essa é a fazenda com a colheita mais bela, pede para falar com seu fazendeiro." O fazendeiro encheu-se de orgulho, agora sim poderia ter sua honra de volta, sua fazenda fora escolhida e sua colheita era realmente a mais bonita.
 Mas ao se aproximar o que viu sair da carruagem não lhe agradou, pois ali, em roupa de linho fino, estava o mendigo ao qual ele chutou. Sem palavras para descrever sua vergonha resolveu calar-se e aguardar o que ele tinha a falar.
  "Essa é a colheita mais linda que já vi, seus grãos vão sustentar durante muitos invernos nosso reino. Com certeza seus netos se lembraram de quão bela foste essa colheita, devo parabenizar tais sacrifícios que fez em nome desse ideal."
  O fazendeiro ao ouvir isso relaxou, ufa, ele compreendeu tudo que fiz, sorrindo levantou-se. "Muito obrigado meu imperador, por reconhecer meus grandes sacrifícios, que sozinho gerou tamanha beleza que será lembra por séculos por seu povo. "

  "Porém não és um homem digno de tamanha beleza senhor fazendeiro, sei que me reconheceste, volto aqui não só para lhe ensinar, mas para explicar. De nada adianta plantar flores se colherá espinhos. A sua colheita está realmente magnifica, mas seu coração está feio e escuro, tão escuro que não pode apreciar o trabalho que deu para ela ficar assim. Por isso hoje não honro o senhor, honro seus empregados, que trabalharam dia e noite para essa preciosidade existir. E não só isso, como cada um terá direito a cinco sacos do arroz que colheste." Os empregados, que até então estavam escondidos choraram com tamanha alegria. "Mas imperador, assim irei falir." "Pois se falir poderá finalmente trabalhar e assim reconhecer o valor do suor que é dado para que as coisas possam brilhar no mundo." O fazendeiro ficou tão envergonhado que juntou suas coisas e nunca mais foi visto. Enquanto seus empregados ficaram com a fazenda e nenhum ano seguinte tiveram uma má colheita.