O Conto do Imperador e do Fazendeiro
Eu ando em falta com vocês já faz um tempinho, prometo coisas novas e vou dormir. Me desculpem caros leitores, mas é que com a produção dos livros infantis acabei ficando sem tempo para vocês jovens, inovadores, cheios de clamor e que buscam desesperadamente saber mais, ler mais, ver mais.
Visto isso hoje trarei uma coisa diferente, é um conto muito gostoso, que com certeza vai ensinar alguma coisa para cada um de vocês.
O Conto do Imperador e do Fazendeiro
Há muitos anos, em um reino
muito mais antigo que qualquer livro antigo que conhecemos, um Imperador muito
bom. Ele era justo, paciente, buscava sempre a paz e a prosperidade de seu
reino e pedia para que todos ali fossem assim.
Naquele mesmo reino, havia em uma
cidadezinha afastada do palácio, um fazendeiro com um nome desonrado. Esse
fazendeiro era muito conhecido na região por vender gato por lebre, enganando
aqueles que compravam da sua colheita de arroz. Todo ano ele falava que o dele
era o mais bonito e invejava os dos seus vizinhos por não ser. Assim ficou
conhecido por seus truques e mentiras, decaindo cada vez mais as vendas de sua
família e ficando ainda mais rabugento.
Um belo dia o Imperador anuncia.
"No fim da colheita passarei por cada fazenda prestigiando seus
agricultores, assim, ao encontrar a mais bela, darei a honra de ser recebido
para o chá da tarde."
O fazendeiro fez-se empolgado ao ouvir
a notícia, era sua chance de ter seu nome e sua hora restaurados, já que ao
acolher o imperador só se lembraria de como foi bela sua colheita. Então
naquele mesmo instante ordenou que todos seus empregados trabalhassem sem parar
até o final da colheita. Alguns questionaram, "Mas quando vamos
dormir?", "Revezem-se nas horas de sono, se ver que não estão a
trabalhar mandarei cortar suas mãos". De tão ruim que o fazendeiro era
seus empregados não ousaram desobedecer, trabalharam dia e noite sem parar ou
descansar, com pouca água e comida e sem poder expressar sua dor para seu
patrão.
Mas quando chegou o grande dia em
que o imperador iria passar a colheita dele era realmente a mais linda que esse
reino já vira brotar. Seus funcionários, assim que ele saiu satisfeito para
apreciar, sorriram e esperaram uma palavra de agradecimento, mas essa não veio,
só fel brotava dali "Agora sumam, antes que o imperador os veja e
estraguem a bela imagem que vejo aqui".
Mas muitos estavam doentes,
passando tão mal que nem conseguiram se levantar, vários desmaiaram e aqueles
que ainda estavam em pé, sem resultado, tentavam ajudar.
O fazendeiro ficou louco,
"andem suas mulas, estão a estragar o que plantei". Ao dizer isso não
percebeu que a suas costas um senhor, em farrapos observava o que passava ali.
"Por favor, me vê um copo d'água?", quando virou e viu, aquele mendigo
estragando sua colheita perfeita esbravejou "Era só o que me faltava, se
não bastasse essas mulas tortas que carrego, ainda devo ter um pobre coitado para
acabar com a beleza do meu dia. XÔ XÔ vaze daqui seu mendigo!" Disse-lhe
chutando-o para longe. Ao cair no chão o velhinho desajeito levantou-se e foi.
No dia seguinte uma grande
carruagem descia a rua principal das fazendas. O imperador parava e observava
atentamente, quando parou, ficou e ficou e ficou e chamou seu conselheiro.
"O imperador anunciou, essa é a fazenda com a colheita mais bela, pede
para falar com seu fazendeiro." O fazendeiro encheu-se de orgulho, agora
sim poderia ter sua honra de volta, sua fazenda fora escolhida e sua colheita
era realmente a mais bonita.
Mas ao se aproximar o que viu sair
da carruagem não lhe agradou, pois ali, em roupa de linho fino, estava o
mendigo ao qual ele chutou. Sem palavras para descrever sua vergonha resolveu
calar-se e aguardar o que ele tinha a falar.
"Essa é a colheita mais linda
que já vi, seus grãos vão sustentar durante muitos invernos nosso reino. Com
certeza seus netos se lembraram de quão bela foste essa colheita, devo
parabenizar tais sacrifícios que fez em nome desse ideal."
O fazendeiro ao ouvir isso relaxou,
ufa, ele compreendeu tudo que fiz, sorrindo levantou-se. "Muito obrigado
meu imperador, por reconhecer meus grandes sacrifícios, que sozinho gerou
tamanha beleza que será lembra por séculos por seu povo. "
"Porém não és um homem digno
de tamanha beleza senhor fazendeiro, sei que me reconheceste, volto aqui não só
para lhe ensinar, mas para explicar. De nada adianta plantar flores se colherá
espinhos. A sua colheita está realmente magnifica, mas seu coração está feio e
escuro, tão escuro que não pode apreciar o trabalho que deu para ela ficar
assim. Por isso hoje não honro o senhor, honro seus empregados, que trabalharam
dia e noite para essa preciosidade existir. E não só isso, como cada um terá
direito a cinco sacos do arroz que colheste." Os empregados, que até então
estavam escondidos choraram com tamanha alegria. "Mas imperador, assim
irei falir." "Pois se falir poderá finalmente trabalhar e assim
reconhecer o valor do suor que é dado para que as coisas possam brilhar no
mundo." O fazendeiro ficou tão envergonhado que juntou suas coisas e nunca
mais foi visto. Enquanto seus empregados ficaram com a fazenda e nenhum ano
seguinte tiveram uma má colheita.